
Campeã brasileira de tênis, executiva Global da Nike, Microsoft e Apple, autora best seller, palestrante corporativa, conselheira e eterna aprendiz, Dafna Blaschkauer (ingressante em Administração em 1996) leva essa enorme bagagem e paixão para a sua atuação como membro do Conselho de Administração da Sempre FEA. Nesta entrevista, ela fala da sua história com a FEAUSP, de sua trajetória esportiva e profissional e dos aprendizados nessa jornada
Você foi campeã brasileira de tênis aos 18 anos e tinha trancado a faculdade de Educação Física para se dedicar aos torneios. Como foi a decisão de cursar Administração na FEAUSP?
Por ser atleta de alto nível, fiquei quatro anos longe da sala de aula e comecei a sentir falta de estudar. Me dei conta de que, se tudo desse certo no tênis, o melhor cenário como profissional me obrigaria a passar oito meses por ano fora do Brasil. Eu queria e precisava me tornar independente financeiramente e, com meus pais separados desde muito cedo, era pesado para a minha mãe arcar com o “mãetrocínio” de um esporte caro e de difícil acesso. A conta não fechava.
Tive clareza de que queria estudar Administração e com a minha determinação, foco e disciplina, fiz cursinho preparatório por quatro meses. Tinha bolsa parcial de estudo e pagava o restante com o dinheiro que ganhava dando aulas de inglês. Entrei no período noturno, pois me permitiria trabalhar em tempo integral. Naquela época, não se falava em diversidade, mas eu imaginava que encontraria na FEA a pluralidade que eu buscava, além de uma faculdade reconhecida como uma das melhores do nosso país.

Como foi sua história com a FEA?
Foi paixão à primeira vista. Entrei de cabeça, como tudo que faço na minha vida, a mentalidade de “all in”. No primeiro ano, fui diretora de projetos da FEA Júnior e fazia estágio na Fipe. No segundo ano, também passei a trabalhar na FIA em Consultoria e contei com a bolsa da CAPES para a redação de artigos acadêmicos dentro do Programa Especial de Treinamento (PET).
Minha intenção era focar no trabalho e nos estudos, mas para a minha sorte, a Atlética descobriu que havia uma atleta na faculdade e me chamou para disputar várias modalidades, como tênis de campo, tênis de mesa, handebol e futebol. Eu não tinha como recusar e com muito orgulho ganhei todos os títulos que disputei no tênis, como INTERUSP e Economíadas. Um dos troféus que guardo com mais carinho é o de Melhor Atleta do Ano pela Federação Universitária Paulista de Esportes (FUPE).
Eu literalmente me joguei na FEA e vivenciei tudo que a faculdade oferecia: de Canguru a Bixusp, gincanas, festas da Atlética e outras entidades. Fiz amizades para a vida toda e com muita honra e responsabilidade, fui escolhida para ser a oradora da minha turma.

A partir da FEA, como foi sua trajetória profissional?
Eu havia sido efetivada como consultora na Fipe, mas vi no mural de um corredor da FEA uma oportunidade de estágio na Microsoft. Foi o único currículo que mandei na vida. Eu ganharia menos, mas entendi que precisava dar um passo para trás para avançar dois para a frente. Na Microsoft, me apaixonei pelo mundo corporativo e por vendas. Fui head de canais de distribuição e lancei produtos como Encarta, Windows 95, Office e X Box.
Entrei na Apple quando eram apenas 30 funcionários no Brasil e meu desafio junto com o time era desenvolver os canais de vendas e distribuição. Lancei aqui produtos que mudaram as nossas vidas, como o iPad e iPhone no Varejo.
Na Nike, fui gerente-geral da linha feminina durante as Olimpíadas e assumi o desafio de fazer uma marca tão voltada ao masculino servir melhor a nossa consumidora mulher. Fui transferida para a sede em Portland como diretora de vendas para Ásia Pacífico e América Latina, e depois como diretora global de produtos digitais.
Decidir ir morar nos EUA em busca de realização profissional e pessoal, aprimorando ainda mais habilidades como adaptabilidade, resiliência, empatia e pensamento crítico, além de me sentir cidadã do mundo. Conquistei esses objetivos, mas bateu a saudade da família, namorada, amigos, a qual foi acentuada com a pandemia e lockdown, acelerando meu retorno ao Brasil.
Foi quando recebi um convite da Editora Gente para escrever um livro e iniciei outro capítulo da minha trajetória — o de autora, palestrante, mentora e conselheira.
Escrevi o livro que eu gostaria de ter lido no início da minha carreira. Em 2022, lancei Power Skills: As habilidades-chave para destravar seu potencial máximo, que virou best-seller e já está na sexta edição. Parte dos royalties é doada à Sempre FEA, que é citada na obra e nas minhas palestras, de forma a aumentar o nível de conscientização sobre a importância do endownment no Brasil e trazermos mais voluntários e doadores.
Como foi seu envolvimento com a Sempre FEA?
Eu ainda morava nos EUA quando fui convidada para integrar o Conselho de Administração. Não tive a menor dúvida, pois se alinhava perfeitamente com meu momento de vida e capítulo atual, que eu chamo dos meus #3Ps: Paixão, Pessoas e Propósito.
Naquela época já brotava em mim um sentimento muito forte de retribuição. Eu entendo que tive o privilégio de estudar em uma faculdade pública e é meu dever cívico retribuir de volta para a sociedade.
Aceitei o convite não apenas pela minha paixão e propósito em impactar mais gente através da educação e empreendedorismo, mas pelas pessoas. Me encantei com Eduardo Vassimon (ingressante em Economia em 1977, cofundador e ex-presidente do Conselho de Administração da Sempre FEA) e Andrea Andrezo (ingressante em Contabilidade em 1994, cofundadora e atual Presidente do Conselho de Administração da Sempre FEA) em nossas conversas online, e fui ainda mais impactada quando tive o prazer de os conhecer pessoalmente.
Iniciei o segundo mandato consecutivo no Conselho da Sempre FEA e tenho grande honra e orgulho de poder somar e contribuir trabalhando junto com pessoas que eu admiro e que me inspiram a ser a minha melhor versão.
